sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Recordações do Padre Claro
O Padre Claro terminou a sua missão evangelizadora e neste momento estará junto do Criador, num lugar privilegiado, descansando.
Este homem, gandarez de gema, foi o motor desta terra durante muitos anos como todos sabem. Foi seguramente o último líder de Verride.
Lembro-me da telescola, da sua implacável cana da índia que mantinha respeito mas também do seu esforço para nos ensinar matemática, disciplina fundamental na formação educativa. Lembro-me de nos intervalos das aulas jogar futebol, com os alunos, sempre com o boné na mão. Lembro-me dos diversos passeios a pé e de burro, lembro-me das suas excursões. Lembro-me dos ensaios do rancho, do seu acordeão preto e o pé direito enérgico, batendo o compasso, lembro-me dos ensaios de teatro no salão paroquial. Lembro-me de ver o Padre Claro, pendurado numa das vigas do centro cultural, sem qualquer protecção, num esforço desmedido e arriscado.
Lembro-me da sua boa disposição, das suas anedotas. Lembro-me da forma como conduzia, sempre com um braço no ar acenando às pessoas. Lembro-me da forma como me recebeu em Ferreira do Zêzere, das diversas vezes que me desloquei àquela localidade, para participar nas marchas do Santo António, juntamente com mais músicos de Verride. Lembro-me da forma singular como rezava, como cantava, como ensaiava o coro da igreja.
Exerceu a missão sacerdotal, sempre com enorme responsabilidade, dedicação e fé.
Ao sr prior, deixo aqui, neste espaço a minha singela homenagem.
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